A presidente da Câmara, vereadora Sônia Módena, na tentativa de minimizar o discurso efusivo do colega Tiago Costa contra o veto do prefeito Paulo Silva à lei aprovada no Legislativo para obrigar a Secretaria de Saúde divulgar a relação de vacinados contra a Covid-19 em Mogi Mirim, disse que ouviu “comentário aqui dentro, não vou citar nome, de pessoa que teve acesso à lista, teve acesso... integral... e essa pessoa falou que não reconheceu nome nenhum”.
A declaração consta em ata e foi feita na sessão do dia 9 e passou despercebida por muita gente, mas a gravação veio à tona na sessão de segunda-feira, 16, quando Tiago Costa fez nova ofensiva à lista de vacinados, ao tentar aprovar o requerimento que propôs a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar supostas irregularidades na listagem de vacinados, dentre elas, o que ele diz como “fortes indícios” que pessoas residentes em outros municípios foram vacinadas em Mogi Mirim.
A divulgação do áudio na tribuna foi uma estratégia de Tiago, que ao perceber que o requerimento seria rejeitado, fez questão de constar em ata a gravação porque o caminho agora da batalha do vereador será o judiciário. Ele deve acionar o Ministério Público diante do que ele classifica como omissão do Legislativo, que deveria apurar indícios de irregularidades. A Câmara se furtou, na opinião dele, desta prerrogativa prevista na Constituição.
Contra a CPI votaram os vereadores Magalhães da Potencial, Sônia Módena, Marcos Cegatti, Luzia Cortez, Dirceu Paulino, Mara Choqueta, Ademir Souza, Lúcia Tenório e Márcio do Boxe. O curioso é que destes vereadores, Sonia assinou o requerimento pela abertura de CPI. E Marcos votou a favor do projeto de Tiago que obrigava a Prefeitura a divulgar a listagem.
Sonia foi procurada pela reportagem do Portal da Cidade para se manifestar, mas até a divulgação desta notícia, não retornou aos contatos feitos até então. Sônia é acusada informalmente de prevaricar sobre um tema tão polêmico e que tomou conta das discussões no Legislativo local nas últimas semanas.
Já a Prefeitura desmentiu a “informação” da vereadora. “Não temos informações de nenhum vazamento”, sintetiza a nota.
“A relação de vacinados não foi fornecida e nem divulgada de nenhuma forma, em respeito à LGPD, e conforme parecer do Grupo de Vigilância Epidemiológica de São João da Boa Vista.
Sempre orientamos que a maneira correta para se formalizar qualquer denúncia, deve ser através da Ouvidoria do SUS, contendo os dados necessários para averiguação”, cita a nota.
“Qualquer vereador tem livre acesso à Secretaria de Saúde e aos serviços de saúde, podendo procurar a respectiva Secretaria para dúvidas e/ou quaisquer esclarecimentos que entendam ser necessários”, encerra a nota.
