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SOL NASCENTE

GCMl e Vigilância em Saúde fecham clínica clandestina para dependentes químicos

No local havia mais de 41 internos e mais 5 deveriam chegar hoje; “clínica” está registrada como albergue na Prefeitura

Publicado em 21/12/2021 às 15:48
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Na tarde de terça-feira (21), uma clínica clandestina, localizada nas Chácaras Sol Nascente e que supostamente tratava de dependentes químicos (drogados e alcoólatras), foi interditada e lacrada pela VS (Vigilância Sanitária), com apoio da GCM (Guarda Civil Municipal). A ação aconteceu após denuncias anônimas a respeito de maus tratos contra os internos.
Em meio aos 41 residentes do local, havia dois cadeirantes, uma pessoa com sérios problemas neurológicos, dois menores e uma pessoa acamada. A reportagem do Portal da Cidade conversou com um dos internos que mostrou marcas de uma suposta agressão sofrida por ele.
A sessão de pancadaria teria sido causada por um dos “monitores” que, na verdade, são internos com alguns privilégios da hierarquia da clínica. O “festival de irregularidades” não para por aí. Na clínica há 32 leitos para 41 internos e, nesta terça-feira, eram esperados mais cinco novos “clientes”.
Na geladeira e dispensa, nenhuma comida. No cardápio colado junto à parede da cozinha, há pouca variação nos pratos. Na maioria das vezes era servido arroz, feijão, legumes, macarronada e polenta. “Quando estava bom, tinha salsicha. Carne mesmo, só iríamos comer no Natal”, denunciou um interno.
As condições no local surpreenderam os fiscais da Prefeitura, técnicos da VS, Conselho Tutelar, assim como policiais civis e guardas civis municipais que participaram da ocorrência. “Eles não têm assistência médico, psicológica e nem possuem um enfermeiro à disposição”, espantou-se uma fiscal.
A suposta clínica, que pertence a um homem residente em Limeira, também está irregularmente registrada na Prefeitura como sendo um albergue. “Há apenas um técnico em enfermagem e que sequer concluiu o curso”, afirmou uma agente de saúde.
A gerente da VS (Vigilância em Saúde), Vivian Dellalibera Custódio fez questão de acompanhar a ação de seus agentes no local. Durante a blitz, foram apreendidos muitos remédios, inclusive alguns com o prazo de validade vencida. A receita era fornecida por uma médica de Limeira. Por outro lado, não havia qualquer autorização ou alvará de funcionamento fornecido pelos órgãos municipais competentes.

DELEGADA
“Não têm uma licença da Prefeitura, da Secretaria de Saúde, um responsável técnico, muito menos um projeto terapêutico”, apontou Vivian. Para ela, o dono da clínica feriu todos os artigos da lei que regulamenta o funcionamento das comunidades terapêuticas.
Ainda durante à tarde, peritos do IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Civil de Mogi Guaçu estiveram na chácara. Já os responsáveis pela clínica foram encaminhados à CPJ (Central de Polícia Judiciária), onde a delegada de plantão, Raquel Casalli, ouviu-os em depoimento.
Alguns internos também conversaram com a policial. Há informações, que muitos deles vieram de outra clínica, do mesmo dono, fechada em Cordeirópolis. O secretário de Segurança Pública, Luiz Carlos Pinto, que já fez parte do Conselho Tutelar, afirmou que o caso é grave. “Isso aqui, do jeito que está, tem que acabar, ser lacrado”, sentenciou.
A secretária de Promoção Social, Cristina Puls, foi até a chácara onde funcionava a clínica para saber as condições dos internos e que tipo de ajuda eles necessitam. A maioria será devolvida às famílias e, em caso de necessidade de pernoite, a Promoção Social poderá utilizar o abrigo SOS Cristão.
Cristina já estava comunicando as famílias para saber quem têm ou não condições de vir resgatá-los em Mogi. Já os menores ficarão sob a responsabilidade do Conselho Tutelar até a devolução aos pais ou responsáveis.

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