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De volta para casa

Matheus, campeão no Cazaquistão, já mira cinturão do mundial adulto de Boxe

Em coletiva de imprensa, o atleta e seu treinador, Márcio Ribeiro, contaram sobre a luta vitoriosa no país asiático e os planos para voltar ao ringue

Publicado em 14/12/2022 às 16:07

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(Foto: Cláudio Felício/Portal da Cidade de Mogi Mirim)

Um título sonhado por muitos atletas, mas que desde domingo (11/12), pertence ao Brasil. O cinturão do Intercontinental Jovem do Conselho Mundial de Boxe (WBC), da categoria super médio (categoria de até 76, 204 kg), disputado no Cazaquistão, foi conquistado pelo mogimiriano Matheus da Silva, da academia Arte da Luta.

Ao lado do técnico, Márcio Ribeiro, que também é idealizador do projeto social do boxe, em Mogi Mirim, Matheus, de 23 anos, venceu a luta contra o então invicto, o cazaque Yelkhan Tabynbayev, de 22 anos, na Almaty Arena, em Almaty. Com o resultado, o mogimiriano já planeja os próximos passos: defender o título Sul-americano adulto da WBA e depois, ser campeão Mundial adulto de Boxe. E a preparação já volta ao normal na semana que vem, com treinamento e foco.

Neste sábado (17), às 10h00, terá uma carreata pelas ruas da cidade com desfile em carro aberto dos Bombeiros Municipais. O ponto de saída será na academia Arte da Luta, localizada na Rua 13 de Maio, 452, no Centro.

Dentro do ringue do Cazaquistão, o pugilista brasileiro mostrou ao adversário porque cruzou continentes viajando por cerca de 20 horas em um avião, porque decidiu enfrentar até -18 graus na temperatura e uma cultura diferente e rígida e ainda porque, entre outras coisas, não mediu esforços para alcançar o peso exigido para a disputa. Matheus não queria ver ou curtir a neve no país asiático ou ainda comer comidas exóticas, ele queria dar “porrada”, "derrubar o oponente" e foi campeão.

Depois de oito rounds de três minutos cada, disputadíssimos, em uma luta com bastante técnica, experiência, movimentação e incontáveis golpes (jab, direto, cruzado, upper) o mogimiriano apresentou um estilo agressivo, pressionando o adversário do começo ao fim e soltando muitos golpes por minuto, mostrando que é possível vencer com foco e disciplina. Por decisão unânime dos juízes, a vitória foi por pontos. “O mais difícil foi a viagem de 20 horas no avião apertado, pois entrar e lutar, foi fácil”, disse o atleta.

Além de conquistar o cinturão, Matheus manteve a invencibilidade na carreira, agora com um cartel de oito lutas profissionais já disputadas, sendo três delas por nocaute. Outra marca importante foi o mogimiriano ter quebrado a invencibilidade de Tabynbayev, que tinha um cartel cinco lutas invictas.

 A realização da luta teve o apoio e intermediação do CNB (Conselho Nacional de Boxe).

A luta no País Asiático

A viagem ao Cazaquistão, entre os desafios como, por exemplo, o não domínio do idioma que é predominantemente russo, o treinador contou que tinha preocupação com um problema técnico: cortes recentes que seu atleta tinha no supercílio e nos lábios. Segundo ele, a lesão aconteceu durante treinamento e resultou em 14 pontos e, mesmo após tratamento e recomendações médicas, dias antes da luta intercontinental, os cortes abriram num dos treinos. “Meu medo era abrir durante a luta e o árbitro encerrar, porque ele é soberano e pode considerar que o atleta não tem mais condições de lutar. E no primeiro round, o corte abriu, mas tínhamos atenção de um médico que conseguiu estancar o sangue e a luta continuou”, contou Márcio Ribeiro.

Segundo ele, desde a chegada ao País, à estadia no hotel, a estrutura oferecida na Arena, os organizadores da luta deram todo suporte necessário para os brasileiros e a receptividade contribuiu para que enfrentassem os obstáculos e vencessem a luta.

Outro desafio destacado pelo treinador foi o corte de peso. Matheus é da categoria meio-médio (até 79,379 kg) e, na luta de domingo, a categoria era diferente e o peso tinha que ser até 76,204 kg. Ao se inscrever, o atleta iniciou uma alimentação adaptada e, ainda no avião, era necessário perder cinco quilos. Matheus começou um processo de hiper-hidratação, bebendo água constantemente, até atingir cinco litros por dia, até chegar a hora da pesagem. No sábado (10), o peso foi batido sem necessidade de usar o tempo de tolerância de duas horas antes da luta, oferecido pela organização.

A luta entre o brasileiro e o cazaque aconteceu em uma Arena lotada, com uma média de 25 mil pessoas. Segundo Márcio, o boxe é o esporte número 1 do país asiático e o adversário de Matheus é ídolo, inclusive, entrou no ringue como cantor de rap, cantando ao vivo, para a torcida na Arena.

“O Cazaquistão me surpreendeu, tem uma população justa e organizada. A torcida aplaudia e gritava o tempo todo o nome do adversário, mas quando o Matheus venceu, eles levantaram e aplaudiram e houve assédio para fotos”, disse o treinador, complementando que os seguranças tiveram que acompanhá-los até a van fora da Arena porque tinham muitas pessoas querendo ficar perto do boxeador brasileiro.

Apesar do cenário desfavorável, com dificuldades maiores que as do adversário, com poucas horas de sono, com fuso horário de nove horas a mais que do Brasil, sem torcida (porque só viajaram o treinador e o atleta), “o Matheus estava preparado para lutar uns 15 rounds”, porque segundo Márcio, ele vem treinando há mais de sete anos, desde que ingressou no boxe e a preparação é diária. “Treinar suficiente para que no seu pior dia você ainda seja melhor que seu adversário”, finalizou Matheus.

Matheus ingressou no esporte em 2014, se profissionalizou em 2018 e já é campeão brasileiro na categoria meio-pesado pelo Conselho Nacional do Boxe – CNB, além do internacional da Organização Universal de Boxe, e não deve parar por aí, antes da meta de conquistar o cinturão mundial, até março de 2023, o pugilista deverá defender o título Sul-americano Adulto da WBA. A ideia é tentar realizar a competição em Mogi Mirim.

Volta para casa

Márcio e Matheus chegaram na madrugada desta terça-feira (13) a Mogi Mirim e um dos compromissos, no final da tarde, foi uma coletiva de imprensa, na qual contaram detalhes sobre a disputa e a receptividade que tiveram no País cazaque.

“É um sonho! Ainda preciso de um tempo para assimilar o que aconteceu, mas foi demais. É indescritível, é algo que não se pode comprar”, descreveu Matheus, quando questionado sobre a sensação após vencer um campeão na casa adversária.

O treinador disse que sempre acreditava na vitória. “A gente foi ali buscar algo que nos pertencia e voltamos. O projeto era esse, a missão era essa. A gente estava muito preparado para isso e com todo respeito ao nosso adversário, estávamos dispostos a qualquer coisa”, enfatizou.

Matheus é a primeira aposta de Márcio Ribeiro no projeto social Arte da Luta que vem dando resultados positivos, mas o treinador tem uma “fábrica de boxeadores”, são vários jovens atletas que promessas de serem campeões.

A academia em Mogi Mirim é estruturada com professores capacitados para treinarem boxeadores amadores e profissionais, além de amantes do esporte – e ainda possui uma gama de profissionais voluntários que atendem os atletas.

O Arte da Luta conta com os apoios de Cortag, Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (Sejel) da Prefeitura de Mogi Mirim, Ideal Saúde, fisioterapeuta Gustavo Bella, ortopedista Alexandre Carvalhal, nutricionistas Carolina Cadan e Mariana Almada, advogado Aluísio Bernardes Cortez, psicóloga Rosângela Galluzzi e cirurgião-dentista Daniel Arcuri.

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