Diante da instabilidade socioambiental, busca-se soluções que contenham custo viável, não gerando impacto ambiental, desta maneira resultou na descoberta do uso do bambu para função estrutural na construção civil, possuindo propriedades mecânicas necessárias, deixando o concreto uma estrutura estática.
Estudo realizado em 2005, por Ghavami e Marinho, relata que as matérias utilizadas em elementos mecânicos e estruturais eram alternadas conforme região, tendo como influencia aspectos culturais e estéticos. Em algumas extensões eram acentuadas o uso de matérias como pedra, aglomerantes naturais, madeira, terra crua, algodão, fibras naturais, fibras de coco, palha de trigo, casca de arroz, entre outros. Segundo os mesmos, a estrutura externa do bambu se constitui por conjuntos subterrâneos de rizomas, colmos, galhos e folhas; onde esses colmos são compostos por uma serie alternadas de nós e entrenós.
Devido à mínima necessidade com a qualidade do solo e água, além de rápido desenvolvimento e alta resistência mecânica, o bambu se torna uma matéria prima viável, tendo em comparativo o aço, que é um dos materiais mais utilizados na construção civil, de alta resistência a tração e compressão, consumindo 60 % a mais de energia para que suportar a mesma carga que as vergas de bambu.
MATERIAIS E MÉTODOS
Tipos de tratamentos do bambu
Para ter sua durabilidade aumentada, o bambu, necessita passar por um tratamento, pois sua vida in natura varia em 15 anos, dependendo seu modo de armazenamento, espécie, plantio e outras condições. E como se trata de uma espécie que não produz substâncias tóxicas é um grande atrativo para diversas espécies de insetos, que podem deteriorar sua estrutura.
O tratamento preservativo pode ser feito em dois métodos, naturais ou químicos. A escolha de qual tratamento utilizar, deve ser feita encima de um estudo no bambu, para avaliar qual a melhor intervenção. Esta avaliação levará em consideração o estado do material coletado, o tempo de corte, e determinará a quantidade de material que será aplicado e a quantidade a ser tratada.
-Fumigação: Como propriamente o nome já diz, com este método trata-se o colmo de bambu com fumaça, onde os agentes tóxicos penetram em sua estrutura, e elimina o amido presente em seu interior. Neste procedimento, livra-o de insetos destrutivos, e gera uma camada escurecida pelo efeito da carbonatação superficial, que serve de proteção.
-Assar sobre fogo aberto: Para a carbonização parcial do bambu, é necessário aplicar um óleo na sua superfície que provoca uma secagem rápida do invólcro exterior, logo após este processo, deverá ser levado à carbonização parcial e decomposição do amido e outros componentes presentes neste elemento.
- White-washing”: Baseia-se na pintura dos colmos do bambu com cal, para o aumento da sua vida útil e, auxilia na redução da absorção de umidade, tendo a funcionalidade de repelente para insetos.
-Banho quente e frio: Em um tanque, onde a água será aquecida a 90°C, o bambu fica submerso durante, aproximadamente, 30 minutos. Logo depois de aquecido, o mesmo, deverá ser resfriado e deixado para secar naturalmente, em um local devidamente fechado e protegido das intempéries.
-Imersão em água: Depois de cortado, armazena-se o bambu em tanques de água ou em locais que contenham água corrente, durante aproximadamente 3 a 4 semanas, para a lixiviação do amido. Segundo o Codiretor do Abari, Nripal Ahikary, o tempo deve ser de 6 semanas, e durante esse tempo, a água deve ser trocada constantemente para evitar a contaminação.
Os tratamentos químicos deverão ser aplicados para aumentar a durabilidade e reduzir o ataque de organismos vivos,é recomendável que as substâncias químicas contenham as seguintes características:
- Solúveis em água, mas não podem ser vedados pela chuva em vez que injetados. Assim, terá que permitir a sua utilização em diversas concentrações.
- Não poderá alterar a composição natural do bambu, ou modificar sua qualidade física e mecânica.
Utilização na Construção
Hoje, muitos profissionais já optam em utilizar esse material para construção de obras púbicas, pois é necessário repensar no consumo de materiais, devido a questão econômica e, ambiental.
Conforme, estudo realizado por Capello e publicado na Técne, edição de março de 2006 refere-se ao bambu como um produto viável para exploração e estudo no Brasil, mas o uso dependerá de criações de linhas em escolas comerciais
Seguindo estudos realizados pela pesquisadora Celina Llerena da Ebiobambu, o bambu é a madeira de reflorestamento mais sustentável e de rápido crescimento. Entretanto, falta a criação da cultura de se construir com o bambu.
Maria Luiza da Cunha Canto
Engenheira Civil especialista em Estratégia Disrupitiva
Vanessa Inácio Lima
Engenheira Civil