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MEDICINA

22 de Outubro faz cirurgia inédita na Baixa Mogiana

A equipe liderada pelo cirurgião cardíaco André Fernandes entrou para a história ao realizar a primeira cirurgia extracorpórea da região.

Publicado em 01/10/2019 às 23:35

Mogi Mirim acaba de entrar para o seleto grupo de cidades brasileiras – a maioria capital de estado - que possui hospitais capazes de realizar cirurgias cardíacas de alta complexidade. Foi o que aconteceu no último dia 17, no Hospital 22 de Outubro. Na manhã desse dia, a equipe liderada pelo cirurgião cardíaco André Franchini Fernandes, 43, entrou para a história do Município ao realizar a primeira cirurgia cardíaca de substituição da válvula mitral, com circulação extracorpórea. “Dificilmente uma cirurgia desse porte é realizada em cidades com menos de 100 mil habitantes”, comemorou o diretor-presidente do hospital, o médico Raji Rezek Ajub.

A paciente, uma mulher de 70 anos, passa bem e já se encontra em um quarto normal daquele hospital, após apenas 72 horas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ela foi submetida a uma substituição da válvula mitral e, para isso, foi necessário suspender os batimentos do coração por aproximadamente 55 minutos. Ao todo, a cirurgia durou uma hora e 15 minutos.

André Fernandes explica que após a abertura do externo (peito), uma solução gelada é aplicada na cavidade torácica, diminuindo a freqüência cardíaca do paciente até sua parada total. Nesse momento, após uma ligação com a aorta, entra em ação a circulação extracorpórea através de uma máquina que recircula o sangue, além de oxigená-lo antes de reintroduzi-lo ao corpo.

Com o coração “imóvel”, os médicos podem abri-lo para, neste caso, colocar uma prótese de pericárdio bovino, substituindo a válvula mitral. Além de André Fernandes, a equipe foi composta pelo cardiologista clínico Carlos Camargo, o anestesista Fábio Fabiano Gomes, os intensivistas Sérgio Urbini Júnior e Victor Isper, o cirurgião assistente Élcio Pires Júnior e o 3º cirurgião, Dalton Vinícius Liedke. Também fizeram parte do time, um perfusionistas, dois circulantes e uma instrumentadora.

Durante entrevista coletiva realizada no último sábado (27), Raji Ajub exaltou o feito de sua equipe. “Isso (cirurgia cardíaca) era um projeto muito antigo, que acalentava desde os tempos da Santa Casa. Jamais deixei de buscar esse objetivo e agora, graças a muito planejamento e uma equipe excepcional, concretizamos mais esse sonho em nosso hospital”, externou, sem esconder todo seu orgulho.

NOVOS DESAFIOS

Para ele, não adianta ter um bom hospital, com equipamentos de última geração, se não houver médicos altamente motivados e capacitados. “É isso nós temos aqui”, completou. Porém, a equipe de André Fernandes, que também trabalha em Campinas, fez questão de elogiar a infraestrutura encontrada no Hospital 22 de Outubro, citando principalmente a UTI, centro cirúrgico, banco de sangue, UTI, hemodinâmica, corpo clínico, funcionários de apoio, dentre outros.

De acordo com cardiologista Carlos Camargo, além desse tipo de procedimento, as possibilidades no campo da cirurgia cardíaca dentro do 22 de Outubro vão desde operações da aorta, angioplastia, cateterismo, colocação de stents até pontes de safena. “Sem essas cirurgias, a cardiologia não estaria completa”, explicou.

Raji divide a mesma opinião do colega e vai mais além. “Hoje, com raríssimas exceções ou casos muito específicos, ninguém precisa buscar tratamento cardíaco fora de Mogi Mirim”, afirmou. Em relação aos próximos projetos, Raji, Fernandes e Carmargo revelam que, assim que a UTI neonatal e a UTI infantil estiverem prontas, as cirurgias cárdias em crianças também vão ser realizadas pelo hospital.

“Só não faremos transplantes, pois isso ainda é restrito ao SUS (Sistema Único de Saúde) e aos hospitais universitários”, observou André Fernandes. Por último, o cardiologista Carlos Camargo ressaltou que a excelente condição física da paciente, foi fundamental para o sucesso da cirurgia. “A mulher não fuma e pratica exercícios regularmente”, pontuou.


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