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ENTREVISTA

Ricardo: “não encaro a pré-candidatura como um projeto, mas como um propósito”

Para o pré-candidato a prefeito nas eleições de 2020, MDB se tornou “veículo de interesses pessoais e nebulosos”

Publicado em 13/09/2019 às 05:34

Ricardo Brandão: pré-candidato a prefeito em 2020 (Foto: Portal da Cidade)

Com um capital político em mãos, dono de 12.758 votos nas eleições municipais passadas, o ex-prefeito Ricardo Brandão é enfático ao falar do processo eleitoral de 2020: “não encaro a pré-candidatura como um projeto, mas como um propósito”. 

Ricardo surpreendeu semana passada ao anunciar a saída do MDB e o ingresso no Podemos para poder ter liberdade de definir seu futuro. O MDB hoje está nas mãos de Moacir Genuário, que não demonstrou muita disposição em abrir caminho para uma nova candidatura de Ricardo.

Por isso, o ex-prefeito decidiu buscar uma nova sigla e tem feito reuniões em todas as semanas nos bairros. O objetivo é concorrer e ser opção para o eleitor na urna eletrônica. Confira a entrevista concedida ao Portal Cidade de Mogi Mirim:

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Ricardo, por que da mudança de partido? Por que a saída do MDB, partido onde você militou a maior parte de sua vida pública e foi candidato a prefeito em 2016?

Deixar o MDB não foi uma decisão fácil. Aprendi a fazer política com grandes líderes correligionários com Ulisses Guimarães, o grande comandante das Diretas Já, e Franco Montoro, um dos maiores defensores da democracia que o Brasil já teve. Um grande amigo e companheiro partidário que muito ajudou Mogi Mirim quando era Senador da República. Pude, aliás, retribuir seu trabalho com uma homenagem modesta, dando o nome da Rodovia Franco Montoro à estrada municipal que liga Martim Francisco a Mogi Mirim, totalmente pavimentada em meu governo como prefeito pelo MDB.

Além deles, Orestes Quércia, Tancredo Neves, Almino Affonso e tantos outros que contribuíram para a redemocratização do Brasil. Tenho muito orgulho de ter estado, enquanto integrante do MDB, no grande comício das Diretas em 1983, no Vale do Anhangabaú, ao lado da minha esposa Bia e de vários emedebistas da nossa cidade.

Infelizmente, no entanto, o MDB de uns anos pra cá deixou de ser um partido de ideais para trafegar na contramão e se transformar em um veículo de interesses pessoais e nebulosos, onde passou a prevalecer, tanto a nível federal, quanto estadual e principalmente municipal, o “Estatuto do Aqui Quem Manda Sou Eu”, sem valorização do diálogo e com grande desrespeito aos filiados. São mais de mil em Mogi Mirim. A grande maioria filiada em um momento diferente para o partido.

Saio do MDB honrado com a bela história que ajudei a escrever e saudoso da época em que grandes companheiros como o ex-prefeito Luiz Amoedo Neto, Antônio Carlos de Oliveira, Vanderlei Andrade, Paulo Zeferino, José Maria, André, Manoel Lorenzetti, Ademar de Barros, Tito Pinto, Jose Jorge da Silveira Cintra, entre muitos outros, dignificavam e enalteciam com muita dignidade e democracia interna o diretório do MDB de Mogi Mirim.

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Como surgiu o Podemos como opção? Surgiram outros partidos?

O Podemos é um partido forte, com perfil e proposta de mudança. Integrado por lideranças sérias e com histórico de trabalho reconhecido. É, portanto, uma legenda alinhada com a minha trajetória, com os valores que prezo e com aquilo que entendo ser necessário para Mogi Mirim nesse momento. Estou certo de que com o Podemos teremos condições de contribuir e fazer a diferença pela nossa cidade. E isso me motiva e anima muito a trabalhar.

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Já é público e notório que você se apresentar como opção para a corrida eleitoral do próximo ano. Como esse projeto tem sido trabalho?

Trato esse tema com absoluta naturalidade. Não encaro a pré-candidatura como um projeto, mas como um propósito. Tenho laços muito fortes com Mogi Mirim. É a cidade em que eu e meus familiares nascemos e vivemos há décadas, em que atuo como empresário e da qual tive o privilégio de ser prefeito em um momento diferente e mais honrado da política nacional. Tive a felicidade de encontrar nas urnas em 2016 amplo reconhecimento ao meu trabalho e história, com mais de 12.700 votos, superando a margem de 30% dos votos válidos. Quero o bem dessa cidade acima de qualquer coisa e me sinto, mais do que nunca, preparado, com experiências bem-sucedidas nas áreas pública e privada, para encarar mais esse desafio.

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O que mais contribui para a sua candidatura, no atual estágio em que está a administração municipal?

O que mais me motiva é saber que nossa cidade pode ser e oferecer muito mais. Que temos condições de assegurar mais qualidade de vida às pessoas e de fazer um trabalho sério, consciente, comprometido com o município e alinhado com os anseios dos mogimirianos. Mogi tem vivido anos difíceis e é fundamental que consigamos resgatar a autoestima e o otimismo das pessoas. E isso se faz com uma cidade que funciona, que gera emprego e renda e que anda pra frente.

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A política virou no avesso com a eleição de Jair Bolsonaro e com a consolidação da extrema direita no poder. O que esse fenômeno interfere na eleição local do próximo ano?

A eleição de Bolsonaro, independentemente da questão ideológica, representa o desejo de mudança dos brasileiros. A vontade de deixar para trás aquele modelo de administração que todos conhecem e que se provou ineficaz. Acredito que esse é também o sentimento de quem vive em nossa cidade. Mogi precisa dar a volta por cima.

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Você acredita numa eleição com muitos nomes à disposição do eleitor no próximo ano?

É importante que o eleitor tenha alternativas. A diversidade de ideias e de projetos contribui para o fortalecimento do processo democrático. Mais do que nomes, torço para que tenhamos um grupo de pessoas qualificadas e que queiram fazer por Mogi Mirim, seja ele pequeno ou grande.


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