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MEMÓRIA

“Pelé, obrigado por tudo meu eterno Rei”

Leia o artigo assinado pelo jornalista André Paes Leme

Publicado em 30/12/2022 às 09:25
Atualizado em

Por André Paes Leme

Em meados dos anos 1960, meus irmãos, corintianos fanáticos, queriam porque queriam que eu “aderisse” à causa alvinegra. Topei logo de cara, mas como torcedor de outro alvinegro, o da Vila Belmiro. Naqueles primórdios da televisão brasileira, tive o prazer de ver o maior jogador de todos os tempos atuar pelo Santos Futebol Clube. Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé, fascinava-me com seu futebol mágico, com suas jogadas de um autêntico extraterrestre. Faz-me rir quando alguém ainda ousa a comparar Maradona, Messi ou Cristiano Ronaldo ou outros simples mortais à genialidade desse Rei. A essas pessoas só digo que Pelé, antes de completar a maioridade, já era campeão do mundo. Aos 21 anos, tinha mais gols do que todos os citados acima, juntos!!! Aos 22 anos, mais gols que Maradona em toda sua carreira. Aos 30, três campeonatos mundiais com a seleção Brasileira e duas com o Santos.

Não é à toa que mesmo após quase quatro décadas após se despedir dos gramados, até hoje ainda estão quebrando seus recordes. E assim mesmo assim, nenhum jogador fez ou fará mais gols do que ele: 1.282. Enfim, era um jogador que jamais existirá outros. Cabeceava como um gigante, apesar de sua altura mediana. Chutava bem tanto com a direita como com a canhotinha. De quebra ainda era um exímio cobrador de falta e de pênalti. Mesmo quando precisava ir para o gol, mostrava um talento ímpar. Um grande amigo me disse, certa vez, uma verdade inquestionável. Se Pelé fosse argentino, teria uma estátua em plena avenida 9 de Julho, a mais importante da capital portenha, maior do que a do Cristo Redentor. No Brasil, por enquanto, apenas uma estatuazinha em Três Corações (MG). Nesse quesito, nossos “Hermanos” sabem como cultuar seus ídolos, transformando-os, exageradamente, em semideuses.

Por isso, jamais discuta com um argentino, quem foi o melhor jogador do mundo, pois um “talibã” nunca verá a luz da razão ou se converterá. Mas voltando a Pelé, a minha paixão pelo Santos se deve, é claro, as mitológicas qualidades desse monstro sagrado do futebol. Pessoas da minha geração e torcedoras do Peixe não podem dizer que isso não é verdade. No final dos anos de 1960 e começo dos anos 1970, Pelé era a marca mais famosa do Brasil, inclusive mais que o café e o samba. Sua simples presença fazia guerras cessarem e arrastava multidões aos estádios mundo afora. De Lagos (Nigéria) a Nagoya (Japão), de Sidney (Austrália) a Nova Iorque (EUA), era soberano e absoluto. Presidentes, príncipes, reis e rainhas o reverenciavam como um nobre. Fico imaginando se na época de Pelé já existissem as redes sociais e a internet como a temos hoje.

Uma pena que essa geração “Z” nunca vai poder ter o privilégio de ver Pelé em ação. E apesar de terem em mãos as tecnologias que tornariam isso possível, vão continuar achando que Messi é um “extraterrestre”! Pelé, que Deus o receba de braços abertos, pois fostes uma de suas mais belas criações. Além disso, Rei, obrigado por tudo, pelas alegrias que deu ao povo brasileiro, pelas inúmeras conquistas com a Amarelinha e pelas duas estrelas que estampam o escudo do Santos e que agora também serão acompanhadas de uma coroa. A coroa de nosso eterno Rei.

André Paes Leme é jornalista e santista


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